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BEM-ESTAR

Por que o nosso corpo precisa de exercício mas temos preguiça?

Ao entender nossa herança do homem das cavernas fica fácil entender como agimos e por qual motivo

A atividade física é uma parte fundamental da história da evolução humana. À medida que se adaptaram a corridas de longa distância, nossos ancestrais conseguiram encontrar alimentos e sobreviver. E mais do que isso: o esforço físico deu uma injeção constante dos fatores de crescimento, o que fez os neurônios e sinapses se desenvolverem. 

O resultado foi uma explosão na inteligência, explica David Raichlen, antropólogo biológico da Universidade do Arizona. Ou seja, parte da razão para a inteligência dos seres humanos está no nosso esforço físico. 

A íntima ligação entre exercício e evolução humana é evidenciada pelo fato de a inatividade nos tornar doentes. Agora na pandemia, o sedentarismo voltou a ser foco de muitas discussões e preocupação ao redor do mundo. Mais de 5 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças associadas à falta de atividade física regular, como problemas cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão, demência, vários tipos de Alzheimer e câncer. 

A realidade é que nosso corpo não está preparado para a vida moderna. Se considerarmos o tempo total da existência humana, 99,5% equivale aos anos em que a rotina se resumia a correr atrás de comida. Apenas 0,5% da escala evolutiva se refere ao tempo que vivemos depois da agricultura e da revolução industrial.

Isso significa que nossos genes estão programados para fazer atividade fisíca e comer da forma mais natural possível carnes, frutas e vegetais. Não tivemos ainda tempo para se adaptar à revolução wi-fi e fastfood. É muito recente em termos evolutivos!

Mas se a atividade física está no nosso DNA porque temos preguiça?

Por mais incrível que pareça, a preguiça de se exercitar também é herança do homem pré-histórico. 

Nossos ancestrais gastavam muita energia para sobreviver. Por isso, até hoje, se o corpo estiver alimentado, o cérebro vai preferir escolhas que exijam o mínimo de esforço e milhões de genes vão trabalhar para armazenar o máximo de calorias possível em forma de gordura. Afinal, a próxima refeição seria incerta.
 

Ops!


Hoje há fartura de alimentos e estes estão ao alcance das prateleiras. Ninguém precisa fugir de leão na savana ou abater um boi à força. É só ir ao supermercado, encher o carrinho de compras e levá-lo até em casa, de preferência de carro. 

A nossa genética é a mesma, mas o mundo mudou! Agora dá pra entender porque reagimos a determinadas situações!
 

Hoje, pelo menos 47% da população brasileira não se exercita regularmente. E isso influencia outro problema. O número de obesos no Brasil aumentou 67,8% entre 2006 e 2018. Atualmente, 57% tem excesso de peso e 20% dos brasileiros são obesos.

O ser humano evoluiu, e criou tudo o que há de moderno dentro da lei do mínimo esforço para garantir uma sobrevivência mais tranquila. Mas está pagando um preço alto com doenças. Tanto é que, pela primeira vez na história da humanidade, a geração dos nossos filhos viverá 5 anos a menos que a nossa.


Se quisermos viver mais e melhor teremos que voltar a correr e fazer força. Mas não precisamos nos desesperar. Não precisamos mais correr de um leão para exercitar o coração. Temos esteiras com amortecimento e ar-condicionado. Fazer força não demanda mais matar 1 boi sozinho. Existem anilhas e equipamentos modernos.


Só o ser humano tem capacidades atléticas. Quando estimuladas, podemos ir muito além do que imaginamos. 
 

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